quinta-feira, 11 de julho de 2013

Inteligência Financeira - Parte 1

Sexo e dinheiro. Esses são dois pontos de conflito na maioria dos casamentos, concordam? Uma vida sexual tranquila e sucesso financeiro não são obras do acaso, e – entre outras tantas coisas – contribuem para a felicidade no casamento. Claro que o casal não precisa só disso pra ser feliz, mas hoje vou pontuar a necessidade da inteligência financeira dentro de casa. Esse tema é tão importante, que deveria ser matéria de escola!



Antes de tudo, é necessário entender que a inteligência financeira te levará, invariavelmente, a possuir independência financeira. Mas o que seria independência financeira? Bom, primeiramente vamos entender o que ela NÃO É:

Definitivamente, independência financeira não é ganhar bem. Muitos ganham bem, mas sempre gastam mais do que ganham. Tem gente que acha que ter uma casa grande e bonita ou um carrão e roupas de grife são sinônimos de independência financeira. A casa pode estar financiada em 30 anos, o carro no leasing e as roupas de marca no cartão de crédito estourado, ou seja, isso não significa nada. Na realidade, existem muitos “seu zé” dono do cachorro quente da esquina que tem um patrimônio muito maior do que o “doutor” fulano de tal.

Outras pessoas acham que ter independência financeira é não ter dívidas. Nem sempre isso é verdade. Existe a dívida boa e a ruim. A ruim é aquela que você faz para adquirir bens de consumo (que irão desvalorizar com o tempo ou apenas farão você perder dinheiro) e a boa é aquela que você faz estrategicamente para ganhar na valorização acima dos juros (irão valorizar com o tempo ou farão dinheiro entrar no seu bolso, por exemplo, um negócio próprio). Se você compra uma casa e sai do aluguel, também é uma dívida boa. Com o tempo, você terá investido o valor do aluguel na sua casa própria e ainda ganhará com a valorização do imóvel.

Bom, agora que já definimos o que não é, precisamos entender o que realmente é ter independência financeira. Sem essa clareza, vamos ficar patinando sem saber exatamente onde queremos chegar.

Independência financeira é fazer o dinheiro trabalhar para si. Ter uma renda passiva que pague o seu padrão de vida e da sua família, ou seja, ter dinheiro o suficiente “entrando” sem necessariamente estar trabalhando.
A propósito, alcançar independência financeira não quer dizer que você não vá mais trabalhar, mas sim que você chegou a um patamar em que você não precisa mais trabalhar, portanto, poderá selecionar as atividades as quais você quer se dedicar no dia-a-dia. Obviamente que para atingir esse patamar de independência é necessário trabalhar sua inteligência financeira. Essa, por sua vez, é a capacidade de controlar as emoções sobre o dinheiro. É saber lidar com dinheiro de forma educada e inteligente para atingir esse tão sonhado patamar em que o dinheiro trabalhe para você. É saber usar o tempo e o conhecimento para prosperar.

Muitas pessoas têm problemas financeiros sem precisar ter, por causa dos péssimos hábitos que possuem (consomem sem saber a hora de parar!). Quando não há educação financeira, podemos até saber conquistar o dinheiro, mas sem utilizá-lo com sabedoria e gastando com irresponsabilidade, provavelmente não teremos disciplina para investir bem. Portanto, para obter independência financeira é necessário mais do que um bom salário, precisamos de informação, trabalho e disciplina.

Interessante observar que a grande maioria das pessoas não evolui financeiramente justamente por falta de informação e não por falta de recursos. Já perceberam que quando entra um comentarista econômico na TV, as pessoas trocam de canal? Já quando passa uma notícia sensacionalista ou “os gols da rodada”, todos vão pra frente da TV! Se não buscarmos informação, continuaremos fazendo parte da grande maioria, que nunca “sairá do lugar”.

Todos nós, essencialmente, trabalhamos para comprar nosso tempo livre e o nosso sustento. No geral, trabalhamos para obter dinheiro quando na realidade deveríamos estar colocando o dinheiro para trabalhar por nós. E isso não é “ladainha” de autoajuda, é algo muito sério.

Cerca de 85% das famílias brasileiras não conseguem equilibrar seus orçamentos. Boa parte do salário é utilizado para pagar juros de empréstimos e crediários, quando poderia ser aplicada na melhoria da qualidade de vida da família. Os problemas com dinheiro nem sempre se resolvem com mais dinheiro. Já ouviram falar que quanto mais se ganha, mais se gasta? Isso é falta de educação financeira e preparo emocional pra lidar com questões relacionadas ao dinheiro. Vemos muitas pessoas com salários maravilhosos que são completamente endividadas. Você se lembra do Michael Jackson? Ele era um dos maiores arrecadadores de direitos autorais (inclusive de músicas dos Beatles) e morreu devendo 200 milhões de dólares! Então, do pobre ao rico, é necessário uma porção de inteligência financeira e controle emocional.

É fácil falar que levar uma vida abaixo dos seus rendimentos – gastar menos do que se ganha – é o correto quando se ganha muito bem. Mas o que vemos por aí são pessoas que ganham pouco e compram coisas que não precisam, apenas por status. Um exemplo: a pessoa quer porque quer uma tv de led com milhões de polegadas. Ela ganha um salário mínimo, então divide esse produto em vinte e quatro vezes – com juros, mas e daí? Dá pra pagar a parcela! – e paga o dobro do valor. Aí você me pergunta: “Uma pessoa simples não pode querer viver uma vida legal?”. Claro que pode! Mas se ela tiver inteligência financeira, ela vai juntar esse dinheiro (inclusive fazendo bicos nos finais de semana e economizando no cafezinho) e comprar à vista. Com o desconto que ela obteve, pode guardar e posteriormente investir.

Quantas pessoas moram de aluguel e têm um carro zero sendo pago em 60 prestações? Não estou criticando! Cada um sabe das suas prioridades. Mas dificilmente uma pessoa que gasta mais do que ganha vai ter sucesso financeiro algum dia.

O segredo está em como gastar e não em como ganhar mais. Se você perguntar às pessoas que tiveram aumento de salário no ano passado, se a poupança delas aumentou, provavelmente elas dirão que aumentaram as dívidas. As pessoas costumam assumir novos compromissos quando ficam sabendo que vão ter um reajuste salarial, mesmo antes de receber. Nosso hábito é gastar. Somos acostumados a ter dívidas. Quando as pessoas quitam um carro, o que a maioria logo faz? Compra outro, um pouco mais caro, e ganham um novo carnezinho pra não perder o costume. Estou falando alguma mentira?

O pensamento da grande maioria das pessoas é no sentido de se premiar primeiro pra só depois pensar em como vai pagar. Primeiro eu compro o tão sonhado “Iphone da moda” e depois eu penso em como vou pagar. Já o hábito de quem sai do zero e fica rico é justamente o contrário. Quem possui inteligência financeira pensa em como produzir o dinheiro que precisa pra comprar à vista determinada coisa que deseja, ou seja, primeiro se junta o dinheiro, depois se recompensa.

As pessoas se matam de trabalhar e no fim do mês não sobra nada. Conheço gente que teve o salário duplicado nos últimos dois anos, mas continuam com problemas financeiros, pois passaram a frequentar restaurantes sofisticados, a comprar roupas e carros mais caros e a fazer coisas que não faziam antes. Ganharam um estilo de vida melhor, mas não estão mais ricas nem mais felizes. Continuam com um padrão acima da sua renda e padrão de vida não é sinônimo de patrimônio. Vejamos a diferença:

Padrão de vida: se refere à qualidade e quantidade de bens e serviços disponíveis para você e sua família. Ou seja, tem a ver com o quanto você gasta (carros, roupas, restaurantes, eletrônicos, hotéis, viagens, etc).

Patrimônio: se refere a um conjunto de bens e direitos. Tem a ver com o quanto você poupa e investe (ações, imóveis e outras aplicações financeiras).

Eu simplifiquei as definições para ficar mais fácil de entender. E já que tocamos nesse assunto, é importante deixar outra coisa bem clara com relação tanto ao padrão de vida quanto ao patrimônio: ambos não trazem felicidade. É preciso lembrar (para que ninguém se equivoque) que dinheiro não compra felicidade. As pessoas confundem felicidade com prazer. Dinheiro compra PRAZER, não FELICIDADE. Dinheiro compra uma diária em hotel de luxo, uma viagem pelo mundo, restaurantes sofisticados, carros importados e até mesmo sexo. Mas dinheiro não compra paz de espírito, felicidade e muito menos amor. Mas todos nós merecemos ter algum momento da vida em que a tranquilidade financeira seja algo concreto. Faz bem não ficar morrendo de preocupação com as contas. E muitas vezes as pessoas culpam o governo, o mundo, os ricos e até mesmo Deus, por causa da sua situação financeira, quando na grande maioria dos casos, a única pessoa culpada é ela mesma, pois não sabe se controlar ou se privar de algumas coisas.

Conheço a história de uma empregada doméstica que resolveu poupar 65 reais por mês durante 18 anos, com o objetivo de pagar a faculdade da filha. Quando ela juntou um volume maior (5 anos poupando), começou a ler e se informar melhor sobre o mercado de ações e investimentos acima da rentabilidade da tradicional poupança. No final dos 18 anos ela já possuía cerca de 95 mil reais. Poderia pagar a maior parte das faculdades particulares do Brasil à vista, se quisesse. Provavelmente sobraria dinheiro. Ela entendeu essa lógica: Primeiro o ônus, depois o bônus. Se não houvesse um sacrifício no passado, jamais teria tamanho prazer no presente. E o passado do nosso futuro é o hoje, portanto, devemos começar hoje a pagar o preço necessário para mudar o nosso amanhã.

A questão não é se você é pobre ou rico. Uma vida financeira feliz e próspera é viver com simplicidade. Isso não é passar necessidade, morar numa casa ruim, andar mal vestido ou abrir mão das coisas boas da vida. Mas escolher um padrão que garanta qualidade de vida, bem-estar e, principalmente, tranquilidade no presente e no futuro. Para que isso aconteça é importante adaptar nosso estilo de vida um pouco abaixo das nossas possibilidades, para que possamos ter reservas suficientes no caso de imprevistos e para que possamos poupar para investir e garantir uma vida tranquila na aposentadoria. É difícil viver assim numa sociedade tão consumista. Mas é uma oportunidade pra fazer a diferença, viver melhor, se destacar e prosperar. Eu prefiro mil vezes estar tranquilo com a minha conta bancária, do que andar desfilando de roupa cara, cordão de ouro, num carro zero e todo endividado.

Quem curte a fanpage do blog da minha esposa no Facebook, o Coisa de Casada, tem visto os “looks do dia” que ela faz. Ela sentiu a necessidade de mostrar para algumas pessoas que nós não precisamos ir à falência pra andarmos bem vestidos. Ela gosta de comprar roupas bonitas, como toda mulher e ela até tem uma coisa ou outra de marcas famosas, que foram um pouco mais caro. Mas nunca gastamos além das nossas possibilidades. Se você tem dinheiro pra viver de Armani e manter sua esposa com Chanel, ótimo. Não vejo problema. O problema está em não poder pagar aquilo que comprou no cartão de crédito. Todo mundo quer viver bem, mas nem todo mundo tem força de vontade e disciplina pra chegar nesse ponto. A mulher pode ajudar, e muito, o marido nesse sentido se ela começar a poupar junto com ele. Afinal, vocês não precisam de tudo o que vêm na vitrine, né meninas?

Eu e minha esposa temos colocado essa teoria de gastar menos do que ganhamos e tem sido positivo pra gente.  Conseguimos poupar algum dinheiro e estamos prestes a realizar um ótimo negócio. Permanecemos trabalhando com a nossa inteligência financeira pra colocar o dinheiro pra trabalhar pra gente e pra isso estamos usando uma estratégia dentro do mercado imobiliário que a maioria desconhece, mas que é muito interessante e segura para acumular patrimônio no longo prazo. Mas isso é assunto pra um outro post. Quando tiver dado tudo certo (teremos certeza já no mês que vem) eu compartilho com vocês, pois pode ser uma ideia inspiradora pra outros casais.

Que tal começarmos uma mudança de pensamento hoje?
 Mudar para se aperfeiçoar é uma rotina na vida dos que crescem e um sofrimento para os acomodados.


6 comentários:

  1. Muito inteligente, Cayo!! Claro, simples e esclarecedor. Bem interessante abordar um assunto que assombra tantas famílias por aí (casais novovs como nós, e também alguns não tão novos assim), pq nem sempre idade eh sinônimo d controle financeiro. Ao longo desses meus quase 3 anos de casamento, aprendi muito com meu marido sobre inteligência financeira- confesso q eu era das que trabalhava me dois empregos e o salário de um era apenas para as futilidades do cartão de crédito ! - e essa mesma linha de pensamento pude perceber no seu post.Tomara q isso ajude alguns casais a perceberem e começarem a procurar entender e gastar "seus dinheiros" de maneira inteligente, neh?

    ;)

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  2. Ótimo post! Mostrarei ao meu noivo!
    Parabéns!

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  3. Muito bom o post! Eu e meu esposo ficamos muito endividados no começo de nosso casamento, mas agora estamos poupando uma boa parte de nossos vencimentos. Mas demorou um pouco para aprendermos isso. Com essas dicas vamos conseguir melhorar!

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  4. EU quero curtir o texto mil vezeees, rs e aí como faz? Uam sugestão: Coloca o botão curtir dpois ta? A visibilidade fica melhor no perfil!! :D Mas to divulgandooo!!
    Eu e meu marido pensamos exatamente desse jeito!!! É realmente um pena vivermos em uma sociedade tão superficial, consumista e que preza pelas aparências e imediatismo e não planejamento! Q bom q ainda têm gnte centrada neste mundo q não vai nessa onda! E melhor ainda propaga boas ideias! Glória a Deus!! Divulgando..rs e vou levar pra discussão tb!! Parabéns! Vcs são cronistas natos. Invistam.. bjo, graça e paz!

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  5. Excelente exposição do tema. Escrito em tom motivador, espero ansiosa pelo post da idéia sobre o mercado imobiliário. Parabéns ao casal
    , pela dedicação em dividir experiências e conhecimento.

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  6. Publicado em ÁGAPE Celebrações: Cerimônias de Casamento Personalizadas

    www.agapecelebracoes.com.br

    FACEBOOK: http://coisadecasado.blogspot.com.br/2013/07/inteligencia-financeira-parte-1.html

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